In-Edit Brasil 2018: os filmes que quero ver

Piscamos e já está na hora de novo de assistir ao In-edit Brasil, festival de documentário sobre o universo da Música, cuja 10ª edição acontece dos dias 7 a 17 de Junho na cidade de São Paulo – e depois em Belém e Salvador. Um grande esforço de Aliche, Léo, Mau e Cia.

Por transparência, vale dizer que a Flávia [minha esposa] faz parte da equipe divulgação do evento, inclusive por gostar tanto dele e acabar se envolvendo. Se eu fosse professor organizaria excursões pro In-Edit pros alunos assistirem aos filmes. Vários são uma aula de História Contemporânea, contextualizando o nascimento de um artista musical, uma banda ou uma tendência musical na situação em que estão inseridos. fora isso é divertido pra caramba.

resolvi escolher aqui alguns dos filmes que quero ver em 2018. “quero” porque é diferente de “posso”. além de meus compromissos profissionais que têm se empilhado ultimamente [ainda bem – e socorro], o In-Edit sempre oferece muita coisa boa. se você acha que não tem material suficiente sendo produzido, é só olhar a programação completa e pirar. escolhi mais da metade… espero conseguir pelo menos metade desses.


ADONIRAN – MEU NOME É JOÃO RUBINATO

AS MINA NA BATALHA

CHAVELA

DONA ONETE – FLOR DE LUA

ETHIOPIQUES – REVOLT OF THE SOUL

EU SOU O RIO

GEORGE MICHAEL – FREEDOM – DIRECTOR’S CUT

GRACE JONES: BLOODLIGHT AND BAMI

HEADBANGER VOICE: A HISTÓRIA DA ROCK BRIGADE

JERRY, EU TE AMO

MEU TIO E O JOELHO DE PORCO

OLANCHO

PESADO – QUE SOM É ESSE QUE VEM DE PERNAMBUCO

QUEERCORE – HOW TO PUNK A REVOLUTION

SHUT UP AND PLAY THE PIANO

SOM, SOL & SURF – SAQUAREMA

STOP MAKING SENSE

TETÊ

THE ALLINS

THE MAN BEHIND THE MICROPHONE

TRAVESSIA

VOCÊ NÃO SABE QUEM EU SOU

XTC- THIS IS POP

YZALÚ – RAP, FEMINISMO E NEGRITUDE

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Henry Rollins guarda a cidade de Santos com carinho dentro do seu supercílio

Público no festival de rock M2000 na praia de Santos, em fevereiro de 1994
Fotos: Carlos Marques/Arquivo

 
a história oral da Música em Santos guarda em uma de suas lendas contadas em volta de mesas de bar a ocasião do M2000 Festival, evento de música patrocinado pela marca de tênis. cerca de 120 mil pessoas ocuparam as areias da praia do Boqueirão em frente ao palco para ver shows de Raimundos, Chico Science & Nação Zumbi, Lemmonheads, Mr. Big, Débora Blando, entre vários outros artistas tão próximos como água e vinho.

foi o tipo de ocasião que marcou a população da cidade, sempre equilibrando-se entre a carência de programação cultural na época e o forte orgulho da própria terra. e as lendas se mantiveram pela tradição oral por muitos anos em seguida. uma das maiores, senão a maior delas, foi o momento em que Henry Rollins, ex-Black Flag, quase termina na primeira música o show do seu então grupo Rollins Band.

após alguns segundos desnorteado com o golpe de joelho que havia dado em si mesmo no rosto, o cantor seguiu com o show até o final cada vez mais coberto de sangue. meus amigos e eu, assim como boa parte das pessoas ali presentes, não conhecíamos nem gostávamos muito das músicas da banda – algumas poucas circulavam por conta do programa LADO B da MTV Brasil. mas o peso ali eram o que importava, e o sangue escorrendo pela cara de Rollins foi o suficiente para o misancene necessário para animar as pessoas que gritavam, pulavam ou brigavam [uma das lendas era sobre o “número recorde de brigas” na ocasião do festival].

nos anos que se seguiram os membros da comunidade musical da comunidade da região – fossem fãs, músicos, técnicos – espalharam entre si algumas versões da história. entre elas, as mais correntes era que o cantor havia dado uma joelhada em seu próprio nariz, que não parava de sangrar; outra – que parecia então muito coerente para várias pessoas – era de Rollins ter cheirado muita cocaína brasileira ruim nos bastidores, o que havia feito muitas veias de suas narinas se rasgarem / estourarem e o sangue jorrar.

o fato é que, segundo as palavras do próprio, a joelhada abriu seu supercílio e expôs o osso – que ele pôde sentir com o dedo. a foto sanguinolenta no final do post mostra o machucado bem acima do nariz citado na lenda. e tudo isso foi por Rollins aplicar sua energia masculina na vontade de mostrar como era um roqueiro fodão em país distante [num cenário lindo de praia sob a lua], em especial por recalque contra a fragilidade de um músico mais sensível como Evan Dando do Lemmonheads.

é isso que ele comenta nessa palestra / stand-up [de data indefinida], em que remonta com detalhes o show da banda em Santos, e é curioso ouvir como ele tentou entender o que estava acontecendo enquanto a banda tocava sem entender nada. tudo a propósito de comentar como nada deve parecer para o público dar errado num show – mesmo que eventualmente dê. Rollins se mostra arrependido sobre a maneira como percebia de forma estúpida caras como o Evan Dando na época, em um relato engraçado em que por vezes parece feito por Jim Carrey no corpo de um Arnold Schwarzenegger tentando se desconstruir.

esse é o depoimento da fonte original, mas a lenda da Rollins Band no M2000 em 1994 vai continuar por décadas sendo passada de pai para filho na Ilha de São Vicente.

Henry Rollins no festival de rock M2000 na praia de Santos, em fevereiro de 1994
Fotos: Carlos Marques/Arquivo

vídeo via Fabiano Geraldo

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Um sonho de São Paulo e do Hulk

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às vezes São Paulo vira cenário dos meus sonhos, e HQ o tema. No de hoje tentava c/ os amigos desenhistas achar o editor excêntrico cujo escrtório era numa galeria comercial feita em uma ladeira, junto a uma loja de pescado. Ele era conhecido por ser satanista – além de ser também o Hulk vermelho, e havia sumido. Depois perambulei pelo meio de um show público de rua lotado pra ver o anúncio de uma nova MSP feita pelo público. Trombei um cara que estava indo a uma loja conhecida ali perto encontrar quadrinistas e “pegar um pouco de papel higiênico”. Circulei pelo povo na rua do Centro, vi – entre os moradores e rua dançando – uns cosplayers de Wolverine e Ayrton Senna, achei uma revista de 1985 com reportagem sobre uma menininha que adorava mangá e vi VHS com chamada do seriado do Hulk em que o Lou Ferrigno falava.

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